Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?
(Ferreira Gullar)
Divagando...
----Esses versos me fizeram pensar
Por que não podemos ser completos?
Por que a vida em partes? Em episódios? Em fases?
Será que nos falta a capacidade de lidar com todas as nuances que permeiam nossa existência, ou será que é preferível que seja assim, por ser mais fácil (é fácil?) de lidar com cada parte nossa de cada vez? para que depois possamos montar o quebra cabeça de nossa existência retalhada e dizer: 'Estou completo!' ?....----
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